segunda-feira, 26 de abril de 2010
ENSAIO ABERTO: AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE DRÁCULA
(fotos de Renata Teixeira)
Cheguei as 17h. D'Lou já estava presente. Anita chegou pouco depois. Thays Soares e Letícia um pouco depois - Letícia é uma antiga aluna do tempo do Studio Arte & Dança: muito bom revê-la mais linda e inteligente, menina!
Marcos chega, enfim e corre para o fundo para montar cenários e adjacências, enquanto eu e D'Lou colocamos a trilha sonora dividida em dua mídias.
O elenco vai chegando aos poucos. Orbacam chega acompanhado de Pam, um encanto de pessoa - possivelmente uma artista também. Renata Teixeira chega com sua gang: Fernanda e Guerreira (não lembro o nome da moça, desculpa, Guerreira!). Um pouco depois, as duas estarão ajudando a colar a tampa do caixão de papelão com cola quente e ouvindo minhas piadas pervertidas sem perder a esportiva. Ótimas, as meninas da gang da Teixeira. Aliás, Renata trouxe o note book para exibir suas fotos - o que não deu muito certo porque eu fiz um planejamento falhado e esqueci de pedir o note book do Hayashi para a tal exposição digital.
O elenco se atrasa e demora para se aprontar - se fossem mais rápidos, teríamos mais tempo para ensaios e acertos. Precisamos de mais uma conversa séria sobre isto? Acho que depois do ensaio aberto, eles vão saber valorizar mais o tempo que temos juntos para criar.
No mais, o rotineiroe inesperado: lampadas queimam, coisas quebram, o som não funciona direito. Tudo dá errado no primeiro momento. Ótimo: não nos prendemos ao arame: estamos prontos para voar.
Poucas pessoas. Parentes, namorados e alguns amigos valiosos. A apresentação começa com apenas dez minutos de atraso - o que é um recorde se tratando do AD.
Algumas pessoas parecem não entender bem o que acontece. Com certeza alguns não leram o programa:
O ENSAIO ABERTO Desde janeiro estudamos e ensaiamos –mas isto não foi suficiente. Veteranos e iniciantes lado a lado no processo de criação. Difícil criarmos juntos, complicado escutar o próximo, horrível socializar numa época globalizada onde é cada um por si. Sempre achamos nossa visão correta: aprendemos a enxergar a partir de nossos defeitos. Partimos do egoísmo proposital até a colaboração mutua e espontânea. Algumas pessoas ampliaram limites, outras surpreenderam – poucos desistiram. Agora nos resta um último componente no espetáculo inacabado: o público. No ensaio, cenas voltam, são discutidas, criadas. Divertido. Às vezes, tenso. Não se preocupem: estamos criando! Depois desta noite, poderemos enfim finalizar a montagem – até a próxima apresentação, ao menos, quando novos horizontes se tornarão possíveis. Divirtam-se!
Durante duas horas, ensaiamos de fato. Marcos me parece muito duro em alguns momentos, mas decido não interfirir em suas reações. Anthéia, afobada por natureza, é quase levada a loucura. Acho que ela não sabe o quanto é dificil seu personagem. Faço-lhe o elogio merecido. O ensaio segue. André é paciente, original e ganha a simpatia do público com seu bom humor e sua educação exemplar - tirando os palavrões que ele inseriu na cena do navio, que vai render-nos uma censura de 16 anos. Tudo bem: a cena está ótima.
Interrompemos o ensaio as 22:35. Leandro Calado está presente. Peço que fale ao elenco. As observações do comediante são enriquecedora a todos. É hora de encerrar antes que algum desafortunado abra a boca e fale sobre o que não sabe. É neste momento que Luara (que sempre fala demais!) diz que quer escutar as outras pessoas do público. Um artista de rua (que não entende muito lá de teatro pelo jeito) diz algo sobre espelho e verossimilhança. Eu e Marcos rebatemos com educação. Com pressa de encerrar aquela conversa antes que alguém mais abrisse a boca indevidamente, encerrei a atividade e cometi um erro terrivel ao não citar Alexandre D'Lou e Renata Teixeira, que cuidam do registro do espetáculo: desculpem, amores: não acontecerá novamente!
É incrivel como todo mundo entende de teatro, construção de personagem e coisas assim sem ter estudado, passado por processos. E mais incrivel ainda é existir atores que não buscam seus personagens em si, mas desejam que os outros digam como ele deve ser. Porra! Se o personagem é meu, eu tenho que buscá-lo, não esperar que alguém o resolva por mim! A maioria das pessoas que dizem saber, não sabem. Leandro Calado é correto em seus comentários: sabe até aonde os atores podem ser ajudados e até que ponto o que parece ser um erro é, na verdade, um detalhe estético que foi mantido pelo diretor. No mais, Leandro sabe que há coisas que não interessam ao público: por isto, fala em particular com boa parte do elenco.
Alugado mais do que devia ser - as pessoas confundem generosidade com uma chance de se aproveitar do conhecimento alheio - Leandro ainda fica por ali me contando suas novas experiências artisticas e seus trabalhos atuais.
Das pessoas que a opinião interessavam, também estava presente Alexandre Santo da Cia. Realúdica, que teve que ir embora mais cedo. Hoje, abro meu orkut e encontro seus comentários:
"Claudemir fui ver o dracula porém não fiquei até o fim
na verdade fiquei só no começo, tive que sair. Porém o que vi gostei muito , vcs estão de parabens . Seu trabalho esta crescendo cada vez mais , isto mostra a sua inquietação em busca do melhor, isso é fundamental para o artista. E vc sabe disso. Vc é ousado e sabe fazer muito bem o que propõe fazer! Pensei umas coisas , e se me der esta liberdade posso soltar para vc ver se faz sentido ou não.
Continuando . Cara eu até sonhei com o Dracula rsrsrs. Foi louco. Só que era tudo feito ao céu aberto , um lugar cinematografico, mas tudo de chão de terra vermelha!! E o Dracula não aparecia, ficava só o suspense rsr.
Bem pensei umas coisa mas eu penso pq penso de mais. Se achar qeu pode servir eu falo. nada de incrivel, apenas bobas sugestões!
parabens!! Alias adorei as intervenções suas e do marcos rsrs...Bem isso faz parte tb das sugestões que daria rss!
inté. parabens! "
Ter um retorno dos artistas locais sobre nosso trabalho me deixa muito feliz. Até porque eles entenderam a proposta inicial do espetáculo e elogiaram, ao mesmo tempo que notaram alguns erros e comentaram com todo o cuidado que devem ter neste caso.
Uma coisa que me deixou contente, foi terem notado a influência do cinema em nossa estética, o que é um diferencial no trabalho do grupo. Ouvi coisas como "parece cinema', "isto é cinema" e "cinema puro!".
Acredito que o espetáculo está em um bom caminho, e as pessoas confirmaram isto.
Agora, nos resta a estréia e a primeira temporada de Drácula. Até o momento, as coisas estão controladas. Mas sei que é só um começo. Ainda há muita estrada pela frente!
quinta-feira, 22 de abril de 2010
ALÉM DOS OLHOS PÚBLICOS
Introdução ao ensaio aberto de “Drácula”
“Segredos sempre são revelados. Mistérios nunca são desvendados”.
(Paulo Coelho, Roda Viva, Tv Cultura. Década de 90).
Passei os últimos dias de 2008 e inicio de 2009 (pra ser mais exato: de 30/12/08 a 09/01/09) adaptando “Drácula” para teatro por não ter nada pra fazer. Dificilmente passo o final de ano com alguém, e a solidão nesta época do ano me é muito atraente.
No inicio de 2009, comentei no bar do Didi/Chicão sobre a adaptação. Tiago Araújo gostou da idéia e ofereceu-se para Jonathan Harker, enquanto sua esposa Isis faria Mina Murray. Já imaginamos Nando Z de Renfield, Hayashi de Drácula, Marcos de Van Helsing, Clara de Lucy, e assim por diante. A idéia era bacana, um espetáculo único: a mais nova geração artística de São Miguel unidas em um evento único!
É claro que não foi longe. Cada um dedicou-se ao seu trabalho (G.R.A.ve. tocou suas músicas, Tiago publicou seus textos, o AD criou “Medéia”). Mas Drácula não saiu de minha mente. Pensei no processo artístico acontecendo em junho de 2009 para ter o espetáculo em cena em Outubro e aproveitar a festa do dia das bruxas. Mas a pesquisa estava apenas no começo.
Pesquisando na NET, conheci o trabalho de Michelle Bittencourt, uma pequena notável lá de Pernambuco. Criamos um laço forte de amizade digital e cruzamos noites conversando por MSN sobre vampiros, estudos e música. Este contato muito me incentivou realizar o PROCESSO ARTISTICO DRÁCULA. Com o aval e o apoio de Marcos “Fersil” Antonyo e Clara Barbosa, comecei a planejar e captar materiais. Alexandre Tavares ajudou-nos com a pesquisa filmográfica e me presenteou com o Drácula de Bela Lugosi. Ligia Martinez passeou comigo pelo centro de São Paulo e conseguimos – depois de muita procura e garimpagem – alguns títulos da Hammer com Christopher Lee (e ela ainda me conseguiu o de 58 via Internet). O de Copolla chegou depois, direto da Fnac, onde eu e Anita achamos a peça rara.
Dezembro de 2009.
Divulgamos o processo artístico via Internet. Apareceram mais de cem interessados. Após uma carta aberta para dispensar modelos e estrelas com ilusões globais em janeiro de 2010, a centena caiu pra dezenas. Cinquenta inscritos. Trinta confirmados. Dezessete presentes.
O primeiro a chegar foi André Orbacam. Uma hora adiantado. Chegou jogando limpo: “Vim pra tentar fazer o Van Helsing.” Orbacam, apesar dos 27 anos, já é um veterano vivendo de sua arte e com suas concepções artísticas bem estabelecidas. Pouco depois, Luara Sena chega de mala e cuia na oficina, direto da Bahia. Um encanto a menina, de cara. Comunicativa, extrovertida, carismática. E todos foram chegando.
Dos conhecidos, Grasiela Bonci – contadora de história nata, que descobri num sarau de Suzana Diniz (antes, ela era apenas uma colega de turma. Eu nem imaginava seu talento, e muito menos o carinho e amizade que nos aguardava); Ingrid Conrado estava na seleção de um vídeo clipe que Alexandre D’lou estava dirigindo e me convidou para fazer a preparação dos atores. Thays Soares havia sido aluna minha na Keila, muito talentosa, e sentia o desejo de estar sob minha direção novamente. Juliana Neves conheci nas noites de Quebra Facão. Havia feito um curso de clown e estava por aí, metendo as caras nas portas abertas e, por fim, Anita Abrantes, que conheci semanas antes, e estava no grupo para auxiliar na produção de Medéia.
Dos ilustres desconhecidos, Anthéia Ligia: jovem e exótica, com uma inteligência rara. Pamella Fersá diretamente de Osasco. Chegou as 20h30 com um sorriso iluminador no rosto, exalando beleza e sensualidade:
“Claudemir Santos?”
“Sim.”
“Pamella Fersá. Prazer.”
Foi só vê-la, já soube que ela seria minha Lucy. E, por fim, Michelle Dias. Já a conhecia de vista; havia participado de algumas oficinas na Luiz Gonzaga. O plano era tê-la como figurinista, mas ela bem que quis tentar um personagem, e eu achei ótimo!
Haviam outros participantes. João Marcos Godoy, Andressa Francelino (cidadã do mundo, bacharelada em teatro que causou laços de amizades conosco), Ataliba Chateaubriand (veio uma vez e nunca mais!), Karina Freitas (do curso de Clown, amiga da Juliana), Nicole Costa (que também estava no vídeo clipe de D’Lou), Daniela Oliveira (prima de Isa Diaz, atriz do AD) e Cibele Carvalho.
Do processo, apenas Ataliba desistiu. Dos dezesseis, catorze foram selecionados para o espetáculo. Dos catorze, dez ficaram: Juliana Neves, André Orbacam, Luara Sena, Antheia Ligia, Pamella Fersá, Grasiela Bonci, Anita Abrantes, Michelle Dias, Ingrid Conrado e Thays Soares.
Completando o time, a fantástica Renata Teixeira registrando quase tudo com sua objetiva e Alexandre D’Lou registrando em vídeo alguns de nossos momentos. Mais atrás, porém não menos importante, Tarcisio Hayashi na trilha sonora, apoiado por Nando Z e Rodrigo Marrom, todos do grupo G.R.A.ve.
Para Clara, Marcos e eu, uma nova página do AD começava a ser escrita. Para quem chegava, uma nova estrada estava à frente.
Não foi fácil. Temos uma maneira peculiar de trabalhar. Deixamos a criatividade fluir fugindo dos rótulos, criando por conta própria pra depois socializar a criação. Ágeis, temos o habito de fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo. As pessoas se perdem, estranham, acham que algo está errado. Mas nada há de errado. Alguns pegam nosso jeito, outros esperneiam. Não adianta. A casa é nossa e a parede será desta cor. E então, quando boa parte do elenco aprende isto, damos o pincel e uma paleta de cores para cada ator.
Evoluções acontecem. Namoros, paixões, amizades acima de tudo. Uma aventura e tanto o teatro, enfim. Após os ensaios, há as bebedeiras nos bares de sempre. Há dormida e comida nas casas uns dos outros. Segredos são revelados; dores, divididas. Inferno: esses merdas estão se tornando amigos! Daqui a pouco seremos uma família, quer ver?
Nos ensaios, cada um tem seu momento de nervosismo, esporro, reclamação, descontração e criação. Entre Ingrid e Juliana, é difícil definir quem interpretará Drácula. André está louco pra saber. Eu, Marcos e Clara nos divertimos. Vamos definir o Drácula só na estréia? E é quase isso que acontece. Escolhemos Juliana em primeira instância. Ingrid, num momento de rara nobreza aplaude a “concorrente” em sua alma, mas sua boca me diz que deveria ter se dedicado mais. Merece um abraço, a menina: se dedicou ao máximo e, se não ficou com o personagem, foi por uma questão de estética e de tempo. Aos que não sabem, ela tem 16 anos e fez apenas um curso de teatro antes: se saiu melhor que muita gente e, não duvido, tem um futuro promissor pela frente. Eu aposto todas minhas fichas nela!
Eu, particularmente, aprendi muito vendo Marcos dirigindo os atores enquanto eu me preocupava mais com a estética do espetáculo. E até mesmo a Clara descobriu-se mais artista do que pensava ser: orientando cenas como as da noiva e de Arthur, mostrou-se sensível e inteligente na direção de atores.
Nos mais, houveram falhas, raivas e discussões, sobretudo por causa de tempo ou de visões sobre este ou aquele momento. Assimilamos tudo e transformamos nosso conhecimento em algo maior. Devo ressaltar aqui André e Pamella, cuja colaboração com os outros atores e com as soluções cênicas estiveram muito presentes durante os ensaios. Anita também surpreendeu a todos quando encarou Quincey Morris e o fez melhor que o ator que desistiu do papel por motivos de saúde em família.
Assistindo aos últimos ensaios, Renata Teixeira achou o máximo e escreveu um texto animador aqui no blog. No dia seguinte, Hayashi entregou mais músicas para a trilha sonora do espetáculo. Nando Z oferece o carro e a alma caso a gente precise e Alexandre Tavares faz vista grossa para a dívida de fotocópias que fizemos em seu estabelecimento, assim como Sacha Arcanjo também faz o possível e o impossível para que possamos concluir o espetáculo.
Sim, são muitas pessoas colaborando conosco. E isto tudo além dos olhos do público, que terá como informação apenas o espetáculo em si. Senhores, o espetáculo é muito pouco se comparado com toda a estrada que percorremos para chegar até aqui.
Amanhã, 24 de Abril, acontece um ensaio aberto. Ensaio mesmo: o espetáculo não está concluído, e o ensaio hoje foi longo e exaustivo. Ninguém fez corpo mole. Houveram caras feias, piadas, acidentes em cena, tratamentos de choque,... ufa!
Paramos depois das dez da noite. Cronometrei uma hora e vinte de espetáculo, mas pensei que havia sido menos: terror, humor, romance e aventura tão bem mesclados que não nos deixam dormir e nos fazem perder a noção do tempo. O espetáculo está ficando bom, graças a Deus!
Por fim e, no entanto, temos muito ainda que melhorar, na verdade. A dedicação de Marcos me causa admiração – depois que a esposa ligou, foi embora. Já em casa, liga duas vezes: uma para dar mais orientações a Michelle Dias, cuja atuação ele quer que melhore. Outra, para saber sobre a fonte utilizada no logo do espetáculo – ou seja: foi para casa e dedicou-se à produção do espetáculo.
Todos estão empenhados de corpo e alma, prezado público. Estamos longe da perfeição, além dos olhos do público, mas muito próximos da Arte.
Sejam bem vindos ao nosso ensaio aberto – e deixem algo de bom assim que saírem.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
ENSAIO ABERTO DE DRÁCULA DIA 24 DE ABRIL
O espetáculo que estréia dia 01 de Maio e inicia sua temporada dia 15 de Maio realizará um ensaio aberto dia 24. A idéia deste ensaio é mostrar ao publico um "making off" do espetáculo. Será como se todos chegassem ao ensaio, com direito a erros de cena, discussões sobre cenas e sentidos, explicações e criação de cenas ao vivo.
O bacana deste tipo de apresentação, é que o público terá a oportunidade de vivenciar um pouco do processo de criação adotado pelo grupo em seus trabalhos, onde o bom humor, as referências culturais e as opiniões criam um clima de criatividade, descontração e polêmica entre os participantes do processo.
O objetivo da apresentação também visa conhecer a reação do publico diante de algumas idéias que serão inseridas no resultado final do espetáculo.
Entrada Franca.
DRACULA - ENSAIO ABERTO
SABADO - 24 04 - 20H30
OFICINA CULTURAL LUIZ GONZAGA:
RUA AMADEU GAMBERINI, 259 - SÃO MIGUEL
INFORMAÇÕES: claud-santos@hotmail.com
domingo, 18 de abril de 2010
Drácula na reta final! Preparem-se.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
DRACULA CORTEJADO PARA O CENTRO DE SÃO PAULO
Sem datas confirmadas ainda, as negociações seguem. É bem provável que "DRÁCULA" entre em temporada ainda na segunda semana de Maio no espaço.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
SOBRE O ELENCO DE DRÁCULA
O texto abaixo estará na página 7 do tablóide ALUCINÓGENO DRAMÁTICO APRESENTA DRÁCULA.
O ELENCO DE DRÁCULA
DE VÁRIOS LUGARES DE SÃO PAULO, VETERANOS E INICIANTES JUNTAM-SE PARA CONTAR A HISTÓRIA DE BRAM STOKER EM SÃO MIGUEL.
Atendendo aos anúncios, dezenas de pessoas inscreveram-se para o processo artístico realizado em janeiro. Do processo, dez artistas – profissionais e iniciantes – foram escolhidos. A convivência artística dos últimos meses resultou no espetáculo “Drácula”.
O peso de interpretação, a aprendizagem coletiva e as concepções cênicas dão um tom peculiar à peça, onde a sensualidade, o humor e o terror têm momentos bem dosados, dando ao espetáculo um ritmo vigoroso e uma estética incomum, própria dos trabalhos do grupo.
Juliana Neves e Ingrid Conrado dividem o papel de Drácula, dando nuances diferenciadas ao personagem. Juliana já atuou como clown pelas ruas de São Miguel e participou de pequenos espetáculos nos tempos de faculdade. Ingrid está começando agora, mas revela uma faceta assustadora e talentosa para o vampiro imortal.
O inimigo de Drácula, professor Van Helsing, é interpretado por André Orbacam, veterano do teatro de Santo André, conhecido contador de história e ator intuitivo, empresta ao médico medidas exatas de interpretação. Ao seu lado, Grasiela Bonci cria um Dr. Seward marcante. A voz equilibrada de cantora gospel e a experiência de contadora de história nos dão uma pista de seu talento, mas pouco dizem a respeito da riqueza de seu personagem, que rouba a cena em vários momentos. Jogando com Grasi, temos Anita Abrantes, com um Renfield inesquecível e desequilibrado. Anita também empresta seu talento técnico para Quincey.
Completando os caçadores de vampiros, temos a figurinista Michelle Dias interpretando Arthur Holmwood. A bela loira nos traz um belo cavalheiro inglês da era vitoriana; conservador e aristocrata como deve ser.
Jonathan Harker é interpretado por Anthéia Ligia. No teatro desde os tempos do colégio técnico, é quem conduz o olhar do público aos primeiros medos, sem desconfiar que Harker é, na verdade, uma bela garota vestida de homem.
E, falando em beldades, Pamella Fersá nos traz uma Lucy Westenra inesquecível, vibrante, bela e fatal, esbanjando talento e sensualidade, ao lado de uma tímida e recatada Mina Murray interpretada pela atriz e cantora Luara Sena, veterana da Bahia, que chega a São Paulo em seu primeiro espetáculo agora.
A mais jovem beleza do grupo vem de Thays Soares, com seus 14 anos – mas no teatro desde os 11 – personificando a noiva de Drácula e a repórter que procura desvendar os mistérios que surgem nas noites nebulosas.
Nos bastidores, Temos ainda o músico Tarcísio Hayashi do G.R.A.ve. (com colaboração de Nando Z e Rodrigo Marrom) criando a trilha sonora. O jovem cineasta Alexandre D’Lou registra a experiência do grupo para criar um documentário, enquanto Renata Teixeira fotografa o processo para a exposição que irá circular o bairro nos pontos de cultura da região.
O núcleo do Alucinógeno Dramático que rege este processo artístico é formado por Clara Barbosa, que cuida da produção e orientação artística ao lado de Marcos (Antonyo) Fersil, que também assina a direção de cena; ambos colaboradores e velhos parceiros de Claudemir Santos, que assina a direção geral e produção executiva do espetáculo, que só está sendo possível graças ao apoio incondicional da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, de Sacha Arcanjo e dos patrocinadores locais, que acreditaram no espetáculo gratuito para a população do bairro.
Agora, a partir do mês de Maio até o final de Junho, uma produção teatral inesquecível estará ao alcance de seus olhos. Informe-se dos locais e horários e apresentação e compareçam. Será uma experiência artística sem igual!
Bem vindos a DRÁCULA.
SOBRE VAMPIROS
Refletindo sobre as postagens em nosso blog, percebi que nenhuma falava sobre vampiros. No mês de janeiro, durante o processo artistico, lemos e assistimos e estudamos até a exaustão vários textos sobre o assunto. Depois, no processo de criação do espetáculo, com todos os vampiros já internados em nossos saltos criativos, esquecemos de postar algo sobre os coitados. Com a chegada do espetáculo e do tablóide que será distribuido, publico aqui, em primeira mão, um texto definitivamente aberto sobre vampiros.
O texto a seguir estará na página 6 do tablóide ALUCINÓGENO DRAMÁTICO APRESENTA DRÁCULA.
SOBRE VAMPIROS
Muito se tem falado – e muito ainda ser dito – sobre os vampiros. Uma pagina do nosso tablóide não basta para informá-los o suficiente. Mesmo assim, decidimos deixar para vocês algumas pistas sobre vampiros...
Vampiros existem? Acredito que não. Mas o fato de não acreditarmos em algo, não impede que elas deixem de existir. O mito do vampiro é com conhecido e divulgado desde a Grécia Antiga. Em vários lugares do mundo, com diversos nomes em diversas crenças, a figura surge em todas as épocas.
O morto que não morre e levanta-se do tumulo para se alimentar de sangue – a principio, de familiares; com o passar do tempo, das pessoas e animais das aldeias e, atualmente, da sociedade como um todo – e pode transformar-se em animais, plantas ou outras pessoas, alimenta a imaginação popular, cria seitas e movimentos, transforma-se em sucesso de venda na literatura, nos quadrinhos e no cinema.
Até mesmo na História vamos encontrar algumas figuras que ajudaram a desenvolver a presença do mito na sociedade. Desde corpos que não apodreciam até figuras como Vlad Tepes e a condessa Barthory que bebia e banhava-se no sangue de virgens para manter a juventude. Na inquisição, o vampiro é citado no livro de cabeceira dos inquisidores, escrito por Jacques Sprenger e Henry Institoris.
Na literatura, além de Stoker, Lord Byron, Charles Baudelaire e Alexandre Dumas criaram seus mortos vivos com sucesso. Atualmente, autores como Stephen King e o brasileiro André Vianco mantém o mito vivo – sem falar da autora de “Crepúsculo”, que usou o vampiro para seus romances açucarados.
No Brasil, índios citam Cupendipe e, no nordeste, a figura o encourado (homem vestido em roupa de couro suja do sangue de não se sabe quem) ainda nos dias de hoje causa medo e respeito em cidades mais distantes dos grandes centros.
Alguns livros e sítios na Internet são fontes ricas de informações sobre a lenda, e foram utilizados na pesquisa do espetáculo e deste tablóide. Indicamos aqui os mais importantes:
História dos Vampiros – Autópsia de um Mito de Claude Lecouteux. Editora Unesp, 2003,
Shroudeater (Dicionário de vampiros – em inglês). www.shroudeater.com
“O livro dos vampiros: a enciclopédia dos mortos-vivos” – J. Gordon Melton; tradução James F. Sunderlank Cook - São Paulo: Makron Books, 1995
http://www.scribd.com/doc/10441694/Bloody-Book-O-Livro-Dos-Vampiros-by-Lady-Myh-Lee
http://www.sbvamp.hpg.com.br/vamptextos/vampcaros.htm
http://www.sanguinarius.org
http://www.estronho.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2952&Itemid=211
domingo, 4 de abril de 2010
ENSAIO NA CHUVA NO SÁBADO DE ALELUIA!
(Fotos: Claudemir Santos e Marcio Leandro "Sabbath". Arte: Marcos Fersil)
Sábado. 03 de Abril.
Eu e Marcos chegamos mais cedo ao local de ensaio.
Luz e som montados.
Anita e D'Lou chegam.
As caixas de adereços são descidas e colocadas na coxia improvisada. É sábado de Aleluia e as pessoas se atrasam um pouco. Demoram a chegar mesmo.
Michelle é a primeira. Foi num brechó e adquiriu peças para o figurino. Ainda hoje pegará dados das pessoas para poder produzir o figurino.
Anthéia substituiu Grasi Bonci, que está realizando shows com sua banda gospel; Anita faz um Quincey bem mais homem do que João - que saiu da montagem semanas atrás.
Em cena, Michelle Dias é a bola da vez. A figurinista luta pra conquistar seu personagem. No começo há graça. Acha-se engraçado. Até chegar a exaustão. Todos colaboram: eu, Marcos, André e, por fim, Clara Barbosa, que consegue deixar a atriz mais à vontade com o personagem. A cena 21 fica mais ou menos boa. Com o tempo melhora, sabemos. Não, ninguém está satisfeito ainda - e isto é que nos ajuda a crescer.
Marcos e Clara, no intervalo, tentam relembrar cenas de Medéia. Eles nem sabem o quanto sou grato a eles, que abriram mão de apresentar o melhor espetáculo do grupo neste primeiro semestre para dedicarem-se a montagem de Drácula. Ambos são ótimos atores - todos podem perceber na maneira que colaboram com a direção artistica, direção de cena e dicas de intepretação para os atores de Drácula - e querem também estar em cena. Também são amigos fantásticos, colaboradores artisticos há muitos anos. Depois de Drácula, devo recompensá-los de alguma maneira (a verdade é que, se eles não tivessem topado Drácula, ele não estaria acontecendo. Percebem como eles permitem o crescimento deste universo artistico?)
E a chuva que cai na cidade há de causar estragos futuros. Agora, no presente, o teto pinga em vários lugares, e a música se torna até irritante misturada com o som da chuva. Luara e Pâmella chegam lá do outro lado de São Paulo. Lucy está pronta para morrer. André se irrita: "Van Helsing não ia ficar parado e deixar isto acontecer!" - "Ah, então o Anthony Hopkins tava errado?" - "Ele não demora tanto!" - "Demora sim! Me arranja um cigarro?"
Discussões surgem, saídas são necessárias. Às vezes não me agradam. Às vezes não agradam os atores. Criação coletiva é casamento forçado - forçado e sem sexo (ao menos até agora).
O ensaio corre. A chuva cai. A hora passa. Paramos tudo as 19h38. Entrego uma entrevista de Christopher Plummer sobre construção de personagem, conversamos sobre quem será ou deixará de ser Drácula e algumas outras coisas sobre a produção do espetáculo. As meninas Pamella e Luara se vão, André descobre que seu carro virou uma piscina por dentro e começa a seca-lo. No entanto, ainda me fez pegar e lavar um pedaço de lona que a chuva trouxe. "Serve, cara! Guarda aí que a gente vai precisar!"
Temos mais dois ensaios fechados, um ensaio aberto e dez cenas pela frente. A produção do espetáculo está atrasada e, na verdade, tudo indica que as coisas não se resolverão a tempo. Mas eu não tenho coragem de adiar mais uma vez a data de estréia: Drácula precisa (re)nascer o mais rápido possível. Vou ter que cobrar um pouco mais a equipe, de fato, mas sei que eles não farão corpo mole e nem irão reclamar de tudo isto.
Devo lembrar a todos: estamos em São Miguel, usando um espaço que não é nosso, com um elenco maior tanto no sentido de número quanto de experiência, encontrando-se uma vez por semana para dar vida a um clássico da literatura de todos os tempos para apresentar em um local que eu nem sequer consegui ainda falar com o dono ou ao menos com os patrocinadores que irão apoiar esta insanidade. Mas acreditem; este espetáculo será um marco, um divisor de águas aqui na região e na nossa arte por um simples motivo: alguns grupos realizam espetáculos. Nós estamos produzindo um milagre!
Preparem-se: Drácula em 21 dias!
sábado, 3 de abril de 2010
GESTALT
A psicologia se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente filosófica; neste período ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e a percepção. Vigorava então o atomismo – buscava-se compreender o todo através do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem apenas por meio dos seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt – termo alemão intraduzível, com um sentido aproximado de figura, forma, aparência.
Por volta de 1870, alguns estudiosos alemães começaram a pesquisar a percepção humana, principalmente a visão. Para alcançar este fim, eles se valiam especialmente de obras de arte, ao tentar compreender como se atingia certos efeitos pictóricos. Estas pesquisas deram origem à Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus mais famosos praticantes foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer, que desenvolveram as Leis da Gestalt, válidas até os nossos dias. Com seu desenvolvimento teórico, a Gestalt ampliou seu leque de atuação e transformou-se em uma sólida linha filosófica.
Esta doutrina traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma idéia. Segundo o psicólogo austríaco Christian von Ehrenfels, que em 1890 lançou as sementes das futuras pesquisas sobre a Psicologia da Gestalt, há duas características da forma – as sensíveis, inerentes ao objeto, e a formais, que incluem as nossas impressões sobre a matéria, que se impregna de nossos ideais e de nossas visões de mundo. A união destas sensações gera a percepção. É muito importante nesta teoria a idéia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese.
http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/