terça-feira, 4 de maio de 2010

UMA ESTRÉIA CHEIA DE INDAGAS! (OS BASTIDORES DA APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO "DRÁCULA" DO ALUCINÓGENO DRAMÁTICO)


(ATENÇÃO, LEITORES: ESTE TEXTO SÓ TEM INDAGAS, FOFOCAS, MAL DIZERES E VERDADES INDESEJADAS!)

sábado. fecho a trilha de DRACULA 13 horas. ajeito isto e aquilo pra levar e, quando vou ver, passou das duas. no caminho para o ponto de onibus ligo para marcos - através do celular da anita e digo que estou saindo de casa agora. ele diz que, se eu ver uma casa de umbanda aberta, passar e comprar vela vermelha e cigarros de palha. ele diz que as lojas de são miguel estão fechadas - exceto pelas que vendem roupas. sugiro a casa ao lado do mercado municipal. ele diz que vai tentar, mas acredita que ela também esteja fechada. como as coisas fecham no sábado a tarde? pergunto e ele responde: claudemir primeiro de maio. eu havia esquecido que era um feriado. sabia apenas que as vinte horas DRÁCULA iria estreiar no lugar onde o ALUCINOGENO DRAMÁTICO sempre estréia seus espetáculos.

Numa casa de umbanda no Itaim compro meio quilo de vela vermelha e cigarro de palha. No Teruya, o martelo para enfiar estaca em vampiros. Chego na oficina quinze e trinta. Todos presentes, exceto Michelle Dias, que chegará do trabalho em breve. Neste meio tempo, Orbacam ministra uma oficina de "fumação de cigarro de paia". Técnica ok - e Michelle presente - iniciamos o ensaio e terminamos as cenas finais. Luara sofre um acidente no meio do ensaio e fode o cotovelo. Marcos presta socorro. André começa aquele papo de peça maldita, olha quantos acidentes já aconteceram e blá blá blá. Fico na minha: não sei se ele tá brincando ou se acredita mesmo. Mas que acho marmelada, acho. Pessoas desastradas e desatentas se machucarão até em espetáculos como "O milagre da Madre Tereza de Calcutá" ou coisa parecida.  

O ensaio segue. Eu continuo o ensaio. Ela volta, mais fresca que nunca por causa do tal cotovelo. Desentende-se com Antheia. Desentende-se com muita gente. Se demorar a se entender, deverá ser substituída, penso eu. Indiferente ao futuro , o final acontece. Duas cenas foram cortadas. O espetáculo deve estar com uma hora. Passamos os trinta minutos finais do espetáculo e os atores tem uma hora para vadiar e se arrumar. (Orbacam queria parar as 18h. Aliás, por ele nem ensaiariamos porque era dia de estréia... eu, hein!)
Dez pras oito. Luara diz que falou à mãe - que veio da Bahia pra ver a filha na peça - que o espetáculo seria as 20h30. Digo que vou segurar a peça o máximo que puder. Seguro até 20h40 e peço para Clara liberar a entrada do público. Antes, porém, a sala foi invadida por alguns e eu pedi gentilmente que aguardassem mais dois minutos para que os atores se arrumassem. Alguém do público resmunga. Não tenho dúvidas e digo:

"Se não quiser esperar, pode ir embora!" - resmunga de novo e é a vez do Marcos:

"Pode ir! Boa sorte!"

Diz Sacha algumas horas depois que o resmungão havia sido ninguém menos que o bom e velho Raberuan. Rãh, Raberuan!


O público entra e vai se acomodando. Casa lotada, mais cadeiras são necessárias. Mais de quarenta pessoas no pequeno espaço da casa. Nos bastidores, uma Luara desaforada intercepta uma Clara Barbosa em seu momento de produção artistica:

"Clara, diga ao Claudemir que eu não vou começar a peça sem a minha mãe chegar." - São 20h42. Thays já correu e entrou em cena. Drácula demora a entrar. Fico preocupado. Que demora é essa?

Nos bastidores, Clara avisa o Marcos que diz a Luara: "Você vai entrar, sim!"

Drácula entra e arrasta a filha da hospedeira.

Clara diz algo a Luara e tenta conscientizá-la sobre funções e profissionalismo. Luara chora. Chora, mas entra em cena. Seu canto sai entremeados com soluções e lágrimas. Acho-a muito boa e viva em cena, mas nem imagino o que está acontecendo.

Minutos depois, Sacha diz a Marcos: "Tá lotado, não deixa entrar mais ninguém."

Mas, no portão, surgem três mulheres que desejam entrar.

"Parentes da Luara?"

"Não; da Ingrid."

Sachão vai até o Marcos.

"Tá lotado, bicho!"

"São só três, Sacha!"

Mas, ao olhar de novo para o portão, o numero já era bem maior: os parentes de Luara haviam chegado.

Antes que Marcos pudesse resolver a situação, Luara saiu da coxia exigido a abertura do portão. Com muita paciência, Marcos diz para ela voltar a coxia e se concentrar em seu trabalho de atriz.

"Você vai abrir este portão AGORA!" - diz ela, apontando o dedo para a cara de Marcos (e qualquer pessoa em sã consciência sabe que não se deve fazer isto com ninguém: muito menos com o grandão ruim pra porra!)

Marcos mandou abaixar a mão e colocou a aspirante a atriz em seu lugar, ordenando que descesse do salto e deixasse de estrelismo. Esclarecendo que o espetáculo era composto por muitas pessoas e não apenas ela. Depois que a baiana foi cuidar de seus afazeres, Marcos abriu o portão e deixou que as madames atrasadas adentrassem no recinto.

Renata Teixeira fotografava e Alexandre D'Lou filmava. Ele teve a excelente idéia de subir em uma das caixas de som, que na verdade eram retornos e quase caiu no chão, chamando atenção do público e quase fudendo aquela câmera que eu nem sei onde ele conseguiu. Só não caiu porque Marcos tava por ali. Mesmo assim não desceu da caixa até a terceira desequilibrada. Do outro lado da platéia, Renata fotografava o espetáculo e olhava para um menininho que ela tinha certeza que ia ter pesadelos à noite. Certo momento o menino perguntou algo a ela sobre o espetáculo. Eu já não lembro o que é, mas me pareceu engraçado quando ouvi.

Outros  inconvenientes rolaram na platéia, onde o músico e compositor Tarcisio Hayashi tentava assistir o espetáculo ao lado de Bárbara Ramos e em pé - em é e em vão. Estava difícil. De um lado, Thiago Araújo falando durante o espetáculo. Do outro, uns “velhos tarados” do MPA  de olho no elenco feminino do espetáculo (o que é compreensível). Hayashi, de saco cheio, saiu para fumar um cigarro. Tiago o seguiu. Hayashi não resistiu e indagou: "Ô Tiago, quando você vai no Sesi, Sesc, você também fica conversando na platéia?"
Hayashi ainda flagrou Andrew (do canal universitário UniSantana) rindo durante o espetáculo e fazendo comparações entre a peça e o filme de Coppola (será ele o rapaz que o pai de Alexandre D’Lou classificou como “caçoador” da peça, que ria jocosamente onde não havia humor e fazia comentários maldosos?). A conclusão que chegamos depois no quebra facão, é que o estudante não leu o livro e confundiu Bram Stoker com Coppola (assim como também não difere sombras expressionistas do Kabuti e do Nô. Mas aí seria exigir demais do menino que, depois do espetáculo, entrevistou André Orbacam e este que vos escreve para o canal da faculdade. Diante do sorriso televisivo, da “atitude jovem meio radical saca?” e das perguntas com ar intelecto-esporte-atual, descobri porque Bob Dylan nunca levou estes caras a sério. (alguns deles estavam tão à vontade que até queriam ficar ali onde as meninas estavam se trocando. Pedi pra Clara pedir ao D'Lou que pedisse que os rapazes se retirassem , por favor! Eles saíram, de boa. Se eu fosse eles, tinha dado um jeito de ficar...) 
De qualquer forma, mantive a educação com o repórter e não fui indelicado nas respostas (porque não sabia ainda do que tinha acontecido na platéia)  – espero não me arrepender em breve. Rindo e conversando na platéia... Se eu soubesse, teria ido fumar com Hayashi o bom e velho Marlboro.

Mas não fui. Eu operava luz e som em pé, pois havia doado minha cadeira a um espectador. Olhava a reação do público, bem positiva por sinal. Lá pro meio do espetáculo, ouço Raberuan dizer: “Teatro é uma coisa louca, né, meu?!”. Esta sua admiração justifica sua impaciência: o cantor e compositor de Ermelino saiu antes do fim do espetáculo por causa de outro compromisso.

Mas o espetáculo seguiu. Seguiu que não acabava mais. Todo o tempo olhava no relógio e a peça se arrastava. Com o atraso de quarenta e poucos minutos em mente, mais a morosidade de algumas cenas – sim, os atores ainda não estão em um bom ritmo! – a peça não ia. Mas foi. Foi em duas horas e dez minutos. Durante os aplausos que duraram um bom tempo (o que é muito positivo, pois indica que o público não estava cansado para aplaudir e nem com pressa de ir embora), penso em como vou tirar vinte ou trinta minutos de um espetáculo que, apesar do tamanho, tem uma dramaturgia perfeita???


Antes do final absoluto, palmas. Rodrigo Marrom chegava naquele momento, aplaudindo o espetáculo e gritando o quanto ele havia sido bom - pior Nando Z, que chegou atrasado e saiu antes do final: o bicho fugiu que ninguém viu!  André Orbacam cometeu suas gafes no último discurso - ou primeiro? - discurso do espetáculo: agradeceu à Centro Cultural Luiz Gonzaga. Fiquei quieto. Agradeceu aos três diretores. Três? Tá bom. Tô na minha. Chama o “grupo” de “Cia. Teatral”. Começo a ficar preocupado. Diz que estaremos todos os sábados ali. Depois de entender que havia realmente escutado o que escutei, corrijo André discretamente. Ele sorri, corrige-se e anuncia que passaremos a sacola. O dinheiro adquirido pagaria 10¨% da produção do espetáculo. Tudo bem: Drácula acaba de nascer. Esta história ainda tem muito sangue pela frente!

4 comentários:

  1. O pobre menininho que teria pesadelos a noite, era meu primo.E, sim, ele teve.
    Acredita que a única mulher, que interpretava um homem, que ele percebeu que não era homem foi a Michelle?? Verdade ele veio até mim e disse, - Está na cara que aquela loirinha é mulher. E eu respondi, - Mas, todas são mulheres, tirando o que faz o Van Helsing.
    Ele ficou bobo. E isso é um bom sinal. Parabéns meus homenzinhos.

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  2. então tô mal Thays ñ engano nem criancinha kk
    mas a peça foi muito boa minha amiga que foi com o namorado disse q vai chamar uma galera par ir conferir a peça na Ana Rosa,e o namorado dela disse q iram ver lá tmbm.

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  3. Ah, michelle, você tava um rapazinho de primeira, a questão é que sua beleza feminina é tão evidente que nem sua interpretação - que evolui mais a cada encontro - pode esconder sua feminilidade. continue assim, garota: lembre-se do imprevisto e surpreenda a todos!
    Parabéns.

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  4. O priminho de Thays disse, quando ele olhava para a sala ao lado do espetáculo: Moça, quem está ali dentro? (com os olhos arregalados, rs). Então eu disse: Não tem ninguém! É somente a sombra de uma pessoa que está aqui do lado de fora da sala.

    Sem contar os sustos que o "coitadinho" levava sempre que o André Orbacam entrava em cena com sua voz firme e alta, rs.

    Parabéns pessoal! Eu adorei tudo. Assisti ao espetáculo muito concentrada e admirada.

    Beijos ao A.D.
    Renata Teixeira.

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