Parar Drácula em meio a temporada deu pano pra manga. Amigos e elenco não entenderam muito bem o por quê paramos. Não faltou bate boca via on line e até um pouco de baixaria erudita. No fim das contas, há uma possibilidade do espetáculo voltar com mudanças radicais e ser apresentado ao menos três vezes. Enquanto isto é decidido, publico aqui algumas reações das pessoas envolvidas no espetáculo.
"FOI MELHOR ASSIM", André Orbacam, pouco depois do cancelamento da peça.
"TAVA FODA, HEIN!?!", Tarcisio Hayashi, duas e quinze da magruda no Bar do Didi/Chicão
"CANCELOU POR QUÊ, BICHO?" , Sacha Arcanjo, ao ficar sabendo do cancelamento.
E MAILS:
From: claudemir Santos
To: dracula2010
Subject: DRACULA CANCELADO
Date: Tue, 22 Jun 2010 03:26:42 +0000
BOM DIA ATODOS
Informamos que as apresentações do espetáculo DRACULA no CUCA estão canceladas, e também aqui finalizamos o processo artistico. Boa sorte a todos na estrada da arte.
Abraços.
From: pamella fersa
To: dracula2010
Subject: RE: DRACULA CANCELADO
Date: Tue, 22 Jun 2010 12:16:20 +0000
Bom Dia!
Como assim canceladas????
Somos um grupo e acho que apenas comunicar "ESPETÁCULO CANCELADO" sem sabermos de fato o que aconteceu???
Faltam apenas duas semanas para terminar a temporada!!
Depois de tanto tempo desde o início do processo, finalizar o processo artístico por e-mail não é legal.
ATT.,
Pamella Fersá
Faça sempre valer a pena!
Date: Tue, 22 Jun 2010 09:44:01 -0300
Subject: Re: DRACULA CANCELADO
From: luarasoaraujo
To: dracula2010
Bom dia não né...
tinha escrito muitas palavras.. mais apaguei tudo e resolvi que não vou me dar o trabalho de dizer o que penso sobre isso, pois se ninguem se deu ao trabalho de explicar nada, e simplismente manda um email para dizer que tantos meses juntos vão acabar assim.. quem sou eu pra me manifestar...
Deixo aqui somente minha indignação pela falta de comunicação e compromisso que foi tão cobrada a todos os integrantes desse grupo que eu achei que tinha....
boa sorte a todos
Luara Sena
From: thais soares
To: claudemir santos
Subject: Date: Tue, 22 Jun 2010 23:25:21 +0000
Fiquei sem computador por uns tempos, por isso, só hoje visitei o blog.
Já sabia que Drácula estava encerrado, pois você já havia me dito, mas não sabia que você se sentia assim.
Me perdoe por qualquer palavra ou ato desagradável, entrei cheia de esperanças e não queria que tivesse acabado
assim. Porém, eu te entendo, não há como carregar um espetáculo sozinho nas costas.
(NOTA: No dia 19, após a ultima apresentação de DRACULA, Marcos Antonyo anunciou ao grupo que o espetáculo estava cancelado temporariamente. Neste momento, Pamellla e Luara foram levar uma amiga no ponto. Quando voltaram, boa parte do elenco havia partido e os outros já estavam bebendo cerveja e falando qualquer coisa. Só nos lembramos que as meninas não estavam sabendo na Marginal Tietê, a caminho de São Miguel. Mandei um e mail oficial a todos e... não deu outra. Pamella ficou chateada mas, a Luara... Esta mandou um e mail acima. Eu respondi de maneira agressiva e um tanto descabida. Ela enviou outro à altura. Nada bonito de ser ler, por isto os dois não estão aqui. Luara acredita que não a avisamos de propósito, para não termos que escutar suas indagas. Pensando nesta maneira, Freud chamaria o "esquecimento" de ato falho: a memória que nos convém. É uma pena uma ruptura assim tão drástica. Sinto muito, Luara.
Enfim, tudo sob a terra. Drácula ainda descansa.
E os dias passam...
terça-feira, 29 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
A ULTIMA APRESENTAÇÃO DE DRACULA
19.06
Uma hora antes do espetáculo já estava tudo ok na técnica. Quarenta minutos antes, tudo certo. A peça atrasa treze minutos não por incompetência, mas por relaxamento, todos muito tranquilos num clima de lugar qualquer, lugar comum. Uma calma estranha paira o ar do CUCA. Somente alguns sabem, mas esta calmaria é aquela melhora antes da morte. Tirando a cúpula (Eu, Marcos, Clara, Isa e Anita) ninguém sabe que o espetáculo se encerra este sábado. Deixo para comentar ao final da apresentação para não interferir na mesma.
A apresentação começa. No público, menos de dez pessoas.
É um espetáculo morno, cheio de erros, textos esquecidos, atores canastrões. Cenas que foram cortadas são colocadas de volta pelos atores, sem permissão. Cena mantidas são esquecidas. Uma indisciplina inédita: um espetáculo com cortes para diminuir o tempo continua com duas horas graças a cacos, demoras cênicas, cenas que voltam após o corte...
Desagradável, de fato.
Não há uma criação conjunta, e sim uma necessidade de brilho individual.
Não há mais para onde ir, não do jeito que está.
O espetáculo termina.
Desmontando as coisas, cumprimento sorridente a amiga de Pamela, uma bela estudante de teatro chamada Carol . Ela corresponde o sorriso. Não tenho coragem de perguntar se ela gostou do espetáculo. Quem gostaria? Eu já teria ido embora.Vergonha. Após tantos anos, vergonha do que é apresentado. Deus, eu não preciso disso!
Ao final, o grupo se divide em pequenos grupos. Marcos informa o fim das atividades aos semi grupos. Luara e Pamela somem, não recebem a noticia - como sempre, estão à parte, em um mundo individual e salpicado de glitter. Grasi mantém um sorriso sereno no rosto e despede-se juntamente com Thays. Nem noto quando a Ingrid e a Antheia partem. Me sinto mal por não ter proporcionado uma experiência de grupo a todos. Espero que alguns me proporcionem a oportunidade de corrigir os erros que cometi nesta jornada.
Durante o cigarro e a cerveja final, eu, André e Marcos conversamos sobre o destino.
Seria melhor se não tivessemos saído de São Miguel? Acredito que sim, mas agora é tarde.
Algumas pessoas deveriam ser afastadas? Sim, sem dúvida. Maldita segunda oportunidade cristã!
O que fazer agora? Seguir a estrada. Te vejo na curva.
André ri e já descobre o chavão da noite
: "Tá parecendo aquele velório de morimbundo, onde as pessoas dizem 'foi melhor assim' ".
Rimos.
De fato.
Foi melhor assim.
André vai embora cedo. Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes, mas o roteiro da vida não sou eu que escrevo, fazer o quê? Gostaria que ele tivesse ficado mais...
Fim de noite.
Eu, Marcos, Anita, Clara, ,Juliana, Pamela e Luara.
Despedidas comuns.
Simples formalidades.
Juliana junta-se a nós numa farra final.
Luara e Pamella somem com seus amigos em direção ao último metrô.
Na Marginal, lembro que não avisamos sobre o fim do espetáculo. Clara lembra que a Pamella está com os DVDs do grupo - os quais ela cansou de pedir para que devolvesse.
"Da próxima vez que a gente se ver, pegamos de volta."
A próxima vez pareceu frase de fim de filme, e o carro seguiu pela marginal Tietê até São Miguel.
E, como sempre, fim de saga no bar do Chicão/Didi.
Lá, Bárbara, Tarcisio, Marrom e Grasi. Duas da manhã. Ficamos até umas quatro horas bebendo, conversando, rindo muito e lamentando pouco.
Depois, em minha casa, olhamos fotos do processo artistico e de outros trabalhos do AD.
Devo registrar que os outros tiveram finais mais felizes que este, artistica e pessoalmente.
Pensando nisto, poderamos nas pessoas que muito nos agradaram e que queremos por perto. Coincidentemente, a maioria destas pessoas - as que mais cresceram em suas artes e em nossos corações - são de São Miguel ou redondezas, tirando aquela pessoa genial que saiu do Tucuruvi para ganhar uma cadeira cativa por aqui.
Sim, coisas boas aconteceram, e as coisas boas permanecerão.
Agora Drácula prepara-se para dormir.
Digam boa noite, e aguardem um breve despertar.
EM 19 DE JUNHO DE 2010 ENCERRA-SE AS ATIVIDADES LIGADAS AO PROCESSO ARTISTICO "DRÁCULA" REALIZADO PELO ALUCINÓGENO DRAMATICO TEATRO E PESQUISA. O PROCESSO INICIOU-SE EM JANEIRO DE 2010 E RESULTOU NO ESPETÁCULO DRÁCULA QUE TEVE TRÊS APRESENTAÇÕES: UMA NA OFICINA CULTURAL LUIZ GONZAGA E DUAS NO CUCA SP. DEVIDO A PROBLEMAS TANTO ESPACIAIS QUANTO ARTISTICOS E PESSOAIS, O GRUPO DECLARA O PROCESSO ENCERRADO A PARTIR DA DATA CITADA ACIMA.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Poema em Linha Reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos(Fernando Pessoa)
Minha poesia preferida deste Heteronomio de Pessoa!
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos(Fernando Pessoa)
Minha poesia preferida deste Heteronomio de Pessoa!
terça-feira, 8 de junho de 2010
MERDA NÃO!
DRÁCULA começou com o pé esquerdo no CUCA. Com o pé esquerdo? Bah, começou caindo. Não foi um ou outro: foram todos! Da bilheteria ao palco, passando pela técnica, todo mundo errando de torto a direito levando o publico ao tédio ou ao riso do ridiculo de alguns acontecimentos.
Mas eu gostei. Gostei primeiramente porque os erros aconteceram por todos os lados e isto só é possível quando todos estão conectados de alguma forma. O grupo acerta junto e erra junto. OU TODO MUNDO OU NINGUÉM, como costumamos dizer aqui no AD. Me divertir muito na apresentação, durante os erros. Não que eu ache bonito, mas o inevitável é isto aí: na nossa cara: pode rir ou chorar. Não importa. O erro aconteceu, e teatro é isto, é ao vivo, é na hora. Erramos porque não nos dedicamos ao palco e O PALCO ZOMBOU DE NÓS NOS CASTIGOU MOSTROU QUE NELE SÓ SOBE QUEM SE PREPARA DE VERDADE.
Acho que todos aprenderam a lição. Uma lição pra vida toda, eu espero.
Ao público, pedimos desculpas e convidamos para assistir as proximas apresentações, onde nossos erros estarão corrigidos e nossas almas estarão no espetáculo.
Ao atores, peço que não se desesperem, pois o conjunto do nosso erro é a medida da nossa união. Gostei de errar com vocês e não me importo em errar, desde que aprenda algo de novo - e eu espero que todos tenham aprendido.
Aos que riram de nossos erros com maldade no coraçao: Fodam-se vocês, que nunca erram e sempre podem apontar para o errado e cobrar algo como se nunca tivessem errado na vida.
Sabe o que pessoa diz sobre tudo isto?
"Nunca conheci quem nao tivesse levado porrada..." ou coisa assim.
A hiena apenas ri.
Caímos. Vamos levantar. Drácula tem um caminho a seguir.
A estrada segue, senhores.
Mas eu gostei. Gostei primeiramente porque os erros aconteceram por todos os lados e isto só é possível quando todos estão conectados de alguma forma. O grupo acerta junto e erra junto. OU TODO MUNDO OU NINGUÉM, como costumamos dizer aqui no AD. Me divertir muito na apresentação, durante os erros. Não que eu ache bonito, mas o inevitável é isto aí: na nossa cara: pode rir ou chorar. Não importa. O erro aconteceu, e teatro é isto, é ao vivo, é na hora. Erramos porque não nos dedicamos ao palco e O PALCO ZOMBOU DE NÓS NOS CASTIGOU MOSTROU QUE NELE SÓ SOBE QUEM SE PREPARA DE VERDADE.
Acho que todos aprenderam a lição. Uma lição pra vida toda, eu espero.
Ao público, pedimos desculpas e convidamos para assistir as proximas apresentações, onde nossos erros estarão corrigidos e nossas almas estarão no espetáculo.
Ao atores, peço que não se desesperem, pois o conjunto do nosso erro é a medida da nossa união. Gostei de errar com vocês e não me importo em errar, desde que aprenda algo de novo - e eu espero que todos tenham aprendido.
Aos que riram de nossos erros com maldade no coraçao: Fodam-se vocês, que nunca erram e sempre podem apontar para o errado e cobrar algo como se nunca tivessem errado na vida.
Sabe o que pessoa diz sobre tudo isto?
"Nunca conheci quem nao tivesse levado porrada..." ou coisa assim.
A hiena apenas ri.
Caímos. Vamos levantar. Drácula tem um caminho a seguir.
A estrada segue, senhores.
sábado, 5 de junho de 2010
MERDA SIM!
É HOJE QUE A MERDA É JOGADA NO VENTILADOR
http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/audio.php?cod=5722
AUMENTE O SOM (com som)
Merda é mais que merda, no teatro significa sorte: ela é filosofia e elegância: quem nunca afirmou um dia "sentar em um trono" que atire a primeira pedra!
DIARRÉIA Galera
Até daqui a pouco!
http://www.rosangelaliberti.recantodasletras.com.br/audio.php?cod=5722
AUMENTE O SOM (com som)
Merda é mais que merda, no teatro significa sorte: ela é filosofia e elegância: quem nunca afirmou um dia "sentar em um trono" que atire a primeira pedra!
DIARRÉIA Galera
Até daqui a pouco!
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