domingo, 22 de agosto de 2010

UM SÁBADO DANADO PRA CATENTE!!!

Sabe aquele dia que era melhor ter ficado em casa que você ganhava mais? Sábado foi um desses dias.




Começou cedo, no CEU Curuçá. Eu, Marcos, Anita e D’Lou no tal “Ensaiando um país melhor”. A Thays fugiu. Sortuda. Cláudio Gomes presente. Todos na cega. Também presente estavam alguns grupos da região e de outras regiões da leste. Nós, ali pela primeira vez, não sabíamos do que se tratava. Aí a mulher nos chama no palco pra fazer “sensibilização” em grupo. Todos participam. Menos eu. Eu e um senhor de camisa amarela. Ele era paraplégico. Eu apenas não tava lá pra fazer joguinho teatral. No auge da coisa, D’Lou escorrega e mete o joelho no chão, ficando esparramado no chão com Cláudio Gomes por cima. Diretor de cinema querendo ser ator dá nisso. O bichinho até machucou o joelho. Fiquei preocupado.



Depois, passaram um vídeo. Sacamos qual era a deles. Marcos querendo ir embora. Eu querendo comer porque queria ficar direto em São Miguel até a hora do ensaio.



Depois do vídeo, sentamos para conversar sobre o projeto. Mas a conversa desvirtuou para problemas de grupos amadores e projetos do governos – que as pessoas não entendem e querem fazê-lo sem conhecimento ou preparo. O sangue foi subindo. Marcos, de dois em dois minutos, dizia que queria ir embora. Meu sangue subindo. Comecei a resmungar. Anita diz que tá um pouco alto. Marcos chama pra ir embora. Resmungo mais. Resmungo palavrão até. A conversa vira uma chatice. E eu querendo saber do que se tratava o projeto.

“Vamu embora, Claudemir!”

“Só quero fazer uma pergunta, kinho!”

“Uma pergunta eu espero.”

Aí, na minha vez, um dos artistas presentes (Black) me rouba a palavra. Um que falou 45% do tempo todo. Aí, outro (Daniel do Arruacirco) rouba a palavra do outro, e assim sucessivamente. Não deu outra: baixou o exu Darkney:

“Porra, mas só vocês dois querem falar?”

“Mas é uma conversa...”

“Conversa onde só dois falam, caralho?”



O tempo fechou. Marcos já queria socar um – não sei como não levantou da cadeira.

Um dos anfitriões botou pano quente e ouviu minha pergunta:

“Qual é o objetivo de vocês com os grupos da região?”

E só então eu entendi que o projeto visa dar uma espécie de assessoria aos grupos da região para que desenvolvam melhor seus trabalhos.



Marcos, então, levantou para ir ao banheiro. Eu fui atrás para ensinar onde ficava, disse para D’lou e Anita ficarem. Mas D’Lou levantou e saímos os três. Advinha a impressão que deu?!? Todos ficaram olhando pra cara da Anita, a única integrante do grupo que ficou presente – possivelmente para delatar os acontecimentos na nossa ausência, segundo a visão alheia.



Breakfresco. Bom. Cheio de coisas gostosas. Daniel veio me perguntar da Luiz Gonzaga e de Drácula, Black me pergunta da Antheia (mal sabíamos o que isto ia gerar!) e íamos embora. Anita pegou o contato de Lethicia Marassatto (possível futura integrante?) enquanto eu conversava com um dos organizadores. Ele pediu para que eu ficasse um pouco mais, pois iriam distribuir certo material interessante. Saí pra convencer o Marcos a ficar mais quinze minutos. Anita veio logo em seguida. A impressão que todos tiveram é que tínhamos ido embora. Quando voltamos, ouvimos os cochichos não tão cochichados assim:

“Eles não foram embora, não ,eles tão aí”



Aquele clima de “quem peidou” ficou no ar.

Sentamos. Pegamos as apostilas, escutamos um pouco da conversa e levantamos para ir embora. Me despedi da anfitriã, dizendo que tínhamos ensaio e que aguardaria seu contato. Nos despedimos.

Nos bastidores, quando passamos pela mesa do café da manhã, inventei de roubar os croissants que haviam sobrado. Abri a mochila e tô enchendo dos quitutes quando a anfitriã aparece pelas cortinas da coxia:

“A gente vai entrar em contato, mandar e-mail...”

E eu, o nervosinho da reunião, cheio de pose, que nem sensibilização fez, roubando croissant. Poucas vezes na minha vida fui tão estúpido assim para cometer tal patifaria!



Mas bola pra frente. No estacionamento do D’avó, onde Marcos deixou o carro pra não pagar estacionamento, enquanto comíamos croissant roubado, falei da casa que pode ser nossa sede provisória e palco pra Drácula. Fomos visitar a casa. Legal. Idéias de cursos, workshops e a possível saída da Antheia do espetáculo discutidos no Calango’s Bar.



Lá, pensamos em uma nova nomeclatura para o grupo, uma vez que não somos apenas mais um grupo de teatro e sim um grupo que dialoga com várias facetas artísticas. Ale sugeriu “ALUCINÓGENO DRAMÁTICO CRIAÇÕES ARTISTICAS”. Eu gostei. Mas acho que ainda tá faltando alguma coisa. Por enquanto ficaremos assim.



Depois, Marcos foi ver sua pequena em casa após nos deixar na casa de Anita. Lá, mostrei a canção “A garota voadora” para D’Lou e conversamos sobre o filme, sua trilha sonora e acabamos refletindo sobre a reunião da manhã, os tipos de artistas e suas posturas diante da arte. D’Lou nos comparou com o pessoal da Semana de Arte Moderna de 22. De certa forma, disse ele, nossas atitudes artísticas se aproximam muito daquele movimento artístico. Há pouco tempo li “De Anita ao Museu”, de Paulo Mendes de Almeida. Preciso refletir sobre esta afirmação de D’lou.



As 17h estávamos em frente da oficina. Quer dizer, Marcos e a Isa Diaz chegaram primeiro. Depois eu, Anita e D’Lou. Depois, Antheia. Toda cabreira, já. Até as 17h30 havia chegado somente a Thays, e começamos nossa reunião. Antheia disse que não ia continuar conosco após setembro por causa de outro espetáculo. Entre uma e outra piada tosca, combinamos que uma pessoa estaria presente nos ensaios para apreender seu papel e que, após sua saída, ela ocuparia seu lugar. Tudo combinado, tive que repetir a reunião para Michelle e Clara que chegaram atrasadas.



Na vez da Clara fiz algumas piadinhas tolas com a Antheia sobre sua saída e um certo e-mail digitado pelo jeito por uma máquina que ela me mandou. A menina enfureceu-se, foi pra frente, tirou o roteiro da sua pasta, voltou, jogou sobre a cadeira e disse que tava fora. Não adiantou conversa, conselho de amiga, nada disso. Antheia não estaria mais entre nós, e queria entregar o roteiro.

“Leva. Ele é uma conquista sua”, eu disse.



Ela pegou e saiu. Algumas pessoas foram se despedir. Sem Harker, não dava pique pra ensaiar, uma vez que a Pamella e a Juliana também não estavam presentes.

Aí bateu paranóia. Achei que a Juliana ia pular fora também. Ela não havia entrado em contato a semana toda. Michelle chegou a sugerir que o espetáculo fosse suspenso por um tempo, caso ela saísse, mas aí a Ju chegou com todo aquele astral e aquela loucura típica de sua cabeça.

“Só saio daqui se for à força!” – disse, em certo momento.

Tive que contar tudo de novo. A Thays não aguentava mais ouvir tudo aquilo e, possivelmente, não vai ler isto nem a pau. Não havia o que fazer, ninguém tinha dinheiro pra tomar cerveja no Chicão. Então, cada um tomou seu rumo.



Agora, esperamos a negociação deste espaço e a nova atriz que interpretará Jonathan Harker. Temos a expectativa de apresentar o espetáculo entre os meses de outubro e novembro. Drácula merece. E nós também.

Um comentário:

  1. um danado sábado onde tudo estava estranho, devo lembrar que até as duas garrafas de cerveja, que bebemos na tarde, estavam estranhas, seria isso um aviso que as coisas poderiam piorar???

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